Canecão
O espaço de 116 mil metros quadrados, entre a Avenida Venceslau Braz e a Rua Lauro Muller, no limite entre os bairros de Botafogo, Urca e Copacabana, representa um capítulo crucial na história da música brasileira. Seja para os artistas ou para as plateias, que assistiram em seu palco à passagem dos mais importantes músicos nacionais e estrangeiros, em 40 anos de existência.

O Canecão foi uma das casas de espetáculo mais importantes do Rio. Abriu originalmente como cervejaria — daí o nome —, em 1967, e estreou como lugar de shows com o espetáculo de Maysa, dirigido por Bibi Ferreira, dois anos depois. Testemunhou a guinada da MPB com shows de Chico Buarque, Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Elis Regina, Clara Nunes. Abrigou o nascimento do rock brasileiro nos anos 1980. E viveu um de seus episódios mais famosos em 1985, quando um então desconhecido Elymar Santos vendeu seu apartamento e seu carro e fez uma vaquinha entre amigos para conseguir alugar a casa para seu show de estreia.

A casa de shows, porém, também foi durante muitos anos palco de um imbróglio entre seus donos e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), proprietária do terreno. Em 2010, a Justiça deu ganho de causa à universidade. A casa de shows esteve fechada e ainda voltou a funcionar de 17 de maio a 17 de outubro de 2010, tendo como última apresentação o show de Bibi Ferreira. A partir dessa data o local deixou de ser uma casa de shows. Seu destino é incerto. Hoje, o Canecão é uma das várias ruínas da cidade do Rio de Janeiro. Parte de sua memória, porém, está resguardada. Antes de morrer, o empresário Mário Priolli, fundador do Canecão, doou ao Instituto Ricardo Cravo Albin todo o acervo que guardava.